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#15 — Minha História Musical Parte IV: Que venha o segundo movimento em Allegro mesmo.
Onde eu conto o início das minhas aulas de instrumento.

Anteriormente falei sobre como comecei a fazer aulas de música em 2014 e parei quando fui aceito no programa Orquestra de Câmara Sesc.

Sumário
A fase do coral
Cantar nunca foi o meu forte. Não que me falte capacidade para isso, mas acho que foi uma coleção de experiências negativas. Cresci vendo meus pais, sobretudo minha mãe, cantar na igreja. Aí óbvio que, quando criança, eu achava isso legal. Tentei uma vez aprender uma música completa para cantar com playback quando criança. Óbvio que eu não tinha tanto controle de voz e nem tanta percepção para perceber desafinações, mas no dia eu fiquei satisfeito por aprender essa música aqui completa sem olhar letra. Para mim a música estava pronta e eu quis mostrar minha mãe dizendo: “já posso cantar na igreja, né?”
Ela respondeu: “desafinado assim não vai dar certo”.
Foi só um deslize da minha mãe, mas que me marcou muito porque eu estava numa idade em que a opinião dela era importante até demais para mim. Meu pai tentou remediar isso depois me colocando em outros contextos onde eu aprenderia a cantar. No coral da igreja eu percebi que eu consigo seguir as vozes por conta própria, mas só.
Outra estratégia que meu pai adotou foi me incentivar a canto homofônico, que é uma boa pedida para aprender a cantar dividindo vozes. Mas quando eu topei, era um quarteto com alguns amigos da igreja que deixaram de ser meus amigos do nada (não foi exatamente do nada, é que a igreja foi um péssimo lugar para passar a adolescência e eu tinha o agravante de ser autista sem diagnóstico). Eles seguiram com o plano de montar um quarteto, mas incluíram um outro menino no meu lugar — sem me consultar. Quando eu assustei, já estavam se apresentando e eu nem soube dos ensaios.
Meu pai tentou me incluir num conjunto masculino com adultos. Mas isso de cantar já estava com o gosto ruim demais. Daí eu desisti de cantar. Não gosto de cantar. Até hoje não sou um cantor.
SÓ QUE os primeiros dias de Orquestra de Câmara no Sesc foram basicamente aulas de musicalização (teoria musical) e coral. Não foi difícil para mim, uma vez que era questão de seguir vozes, e ainda tive o bônus de aprender a controlar a respiração pelo diafragma. Ainda me lembro das músicas que ensaiamos:
De repente Califórnia, do Lulu Santos
Estrela de Luz
Minha jangada vai sair pro mar, de Dorival Caymini
Pela Luz dos Olhos Teus, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes
Pra sonhar, de Marcelo Jeneci
Isso aconteceu por três motivos. Primeiramente, as aulas começaram em Setembro e teríamos que dar um jeito de fazer uma apresentação para os pais em Dezembro (loucura isso, mas é o Sesc quem fazia o cronograma). Segundamente, os instrumentos musicais não tinham chegado — na Orquestra de Câmara Sesc, o próprio Sesc arca com os instrumentos. Terceiramente, ainda estava no processo de contratação de professores.
Por isso foi muito decepcionante e eu me animei mais com as aulas de violino na igreja. Eu tinha o instrumento em casa e, embora nesse início eu só tocasse melodias muito, muito simples mesmo, eu estava muito, muito animado mesmo.
Mas vamos lá com justiça. Aprender a tocar instrumentos musicais foi um tormento para mim. Por causa do autismo (que eu não sabia que tinha), aprender instrumentos musicais foi um tormento. Eu sempre tive um desenvolvimento de coordenação motora mais lento e, em termos práticos, tocar um instrumento musical é coordenar movimentos finos e complexos. Então minha estreia no violino não estava tão glamourosa.
A situação piorava quando um amigo que começou na mesma turma que eu, o Jonathan Duque, demonstrou desenvolver habilidades análogas a quem já tocava violino há seis meses. Jonathan é uma daquelas pessoas polímatas que parece ser boa em tudo o que faz e, embora essa seja uma característica admirável e eu ficasse feliz vendo o progresso dele, eu também me senti deixado para trás. Por isso fui me esforçar muito.
E é… Esses fatores me faziam ter muito mais ênfase no violino do que nas aulas da orquestra. Porém, a orquestra tinha sua maneira de me engajar. Enquanto a aula de violino durava 50 minutos e uma vez por semana, eu tinha (nesse início) duas aulas por semana na orquestra e, cada aula, durava entre 1 hora e meia e 2 horas. Além disso, nas aulas de violino eu estava tocando músicas infantis como “Brilha, Brilha Estrelinha” ou arranjos simplificados de músicas para serem tocadas na igreja — porque um projeto de música ligado à igreja geralmente está ligado a uma formação para participar da banda instrumental dessa mesma igreja. Eu até achava o máximo, mas é só olhar a lista de músicas do coral da orquestra. Foi uma imersão em cultura musical brasileira que eu não estava esperando.
Este é o momento em que apresento o responsável por isso: Yan Guimarães, o maestro da então Orquestra de Câmara Sesc Teófilo Otoni. Ele é um teófilo-otonense que, na época, estava radicado no Rio de Janeiro. Montar uma orquestra em Teófilo Otoni era o seu sonho e o que eu não sabia naquela época é que eu estava participando da realização desse sonho.
Yan é um arranjador musical impressionante. A característica principal dele é misturar elementos da tradição erudita com a música popular brasileira, e ele traz muito, com muita ênfase, música popular brasileira. Mais tarde teríamos um repertório só de músicas nordestinas, tocaríamos mais músicas do Tom Jobim, Villa-Lobos, e Luiz Gonzaga. Falando em Luiz Gonzaga, Asa Branca se tornou, inclusive, a música oficial de encerramento de apresentação da nossa orquestra. Estava sempre no repertório.
Mas vamos retornar a 2014 quando não tinha instrumentos na orquestra. As aulas de musicalização estavam sendo ministradas, provisoriamente, por Marcela Veiga, a pianista da orquestra. O nome dela está linkado porque, além de pianista, Marcela é cantora e o álbum dela está disponível no Spotify. Enfim, sobre as aulas: como eu já tinha aprendido a ler partituras antes, pensei que as primeiras aulas seriam um tédio. Mas lembram-se que meu instrumento na orquestra não seria o violino? Significa que eu tocaria a clave de fá (mais grave) e não a clave de sol (mais aguda). Na prática de leitura, a posição das notas na partitura seria completamente alterada.
Mas o que me marcou foi quando ela soltou uma música de festa junina e nos instruiu a focar nossa percepção para ouvir o todo, mas depois tentar identificar cada linha de cada instrumento. Esse virou um exercício constante na minha vida a partir de então quando ouço música. Até recomendo, ouvir música fica muito mais interessante quando você ouve com atenção tudo o que está sendo tocado.
Finalmente indo para os instrumentos… Tenso demais
Os instrumentos chegaram antes de toda a equipe ser contratada.
A Orquestra de Câmara Sesc era, na verdade, uma orquestra de cordas. Tínhamos violinos, violas, violoncelos e contrabaixos. Jennipher, a professora de violino, também sabia tocar viola e, por isso, se tornou também professora de viola. Mas não podíamos esperar que ela desse aula também de violoncelo e contrabaixo, né? NÉ?
Bom, foi o que aconteceu por mais ou menos 1 mês e meio. Como a contratação da professora de violoncelo e contrabaixo ainda não estava finalizada, Jennipher teve que se virar com adolescentes muito ansiosos para pegar em instrumentos musicais. Ela tinha algumas ideias de como tocar violoncelo e contrabaixo — afinal, estávamos todos dentro da família das cordas friccionadas. Mas não soube orientar todos os detalhes da postura correta para tocar o instrumento. Mesmo assim, tinha uma apresentação para dezembro.
O que aconteceu foi o seguinte: com as instruções básicas, foi observado quem tinha mais proeficiência “natural” no instrumento e quem tinha menos. Então os alunos eram separados para tocar músicas diferentes, em diferentes níveis de complexidade.
Os mais proeficientes tocariam “Maria tem um carneirinho”, os mais ou menos tocariam “Brilha, Brilha Estrelinha” e os piores tocariam “Bambalalão”, uma música com incríveis três notas. Eu obviamente fiquei no time Bambalalão e posso afirmar que nunca foi tão difícil tocar três notas num instrumento! Eu só tinha o trabalho de acertar três notas, e mesmo assim, continuava errando até o dia da apresentação.
A situação piorou um pouco com a chegada da professora titular de violoncelo e contrabaixo. Além de seguir este plano, ela percebeu que alguns alunos tocavam “Maria tem um Carneirinho” com uma facilidade além da esperada. Por isso criou um outro grupo, o grupo de elite, que tocaria nada mais nada menos que “With or Without You”, do U2. E isso foi uma tortura a mais para mim, já que eu conhecia e gostava dessa música, principalmente por causa do cover do 2Cellos.
Esta estratificação social da orquestra se manteve até o dia da apresentação. Eu costumava sair de lá tão frustrado que tinha vontade de chorar, daí pegava meu violino em casa e tentava tocar todas as músicas do repertório instrumental (tentar tocar as do coral estava além das minhas capacidades).
Mas antes que minha narrativa passional os faça recriminar os professores e o maestro, hoje sei que foi a solução prática mais aceitável. Como eu disse anteriormente, a Orquestra de Câmara Sesc é um projeto social e nós, beneficiados, não pagávamos nem um centavo por tudo o que englobava o projeto: desde as passagens de ônibus até os instrumentos musicais. Tudo era custeado pelo próprio Sesc. E projetos como esse precisam de visibilidade. Por isso a apresentação de dezembro era imprescindível… mesmo que os alunos não tivessem condições de tocar nada realmente apresentável. O repertório e aquela estratificação por habilidades foi a melhor solução possível, eu super faria a mesma coisa se estivesse no lugar da equipe pedagógica da orquestra.
Frustrações a parte (porque elas vão continuar), minhas aulas de instrumento musical começaram de verdade em 2015.
2015: um ano de virada
Minha rotina estava bem pesada. Estava no terceiro ano do ensino médio e entrava na escola às 6h45min e saía 12h35min. Algumas (muitas) aulas da orquestra se iniciavam às 13h, e eu deveria ir ao Sesc três vezes por semana. Três faltas não justificadas poderiam ocasionar no meu desligamento do programa.
Nos outros dias ainda teria que estudar violino em casa e pensar no enem. Pensar no enem e em faculdade também me faziam pensar que talvez eu não completasse os quatro anos de curso da orquestra. E se eu fizesse um curso em tempo integral? E se eu fizesse faculdade em outra cidade? Talvez aquele ano fosse o meu último para aprender música, e eu resolvi me dedicar muito.
Nas primeiras aulas do ano, Carina, a professora titular de violoncelo e contrabaixo, me mostrou porque foi tão difícil para mim tocar Bambalalão: nós estávamos com a postura errada. Em 2014, com o frenesi pela apresentação, não havia tempo de corrigir. Mas agora estávamos em fevereiro e teríamos o ano todo. Bambalalão, de repente, ficou fácil… Mas isso já era história passada.
Yan tinha montado um novo repertório para a orquestra, com músicas um tanto mais complexas: Asa Branca (até já citada), Ode à Alegria (tema da 9ª Sinfonia de Beethoven), Marcha dos Santos e o Oh! Minas Gerais (hino do estado de MG). E eu continuava sem conseguir tocar nenhuma.
Mais ou menos em Março ou em Abril (não me recordo), teve um evento do Sesc na cidade de Ipatinga chamado “Sesc no Parque” (porque seria um evento aberto no Parque Ipanema) e a nossa orquestra foi convidada a participar. Foram ensaios intensos e, durante os ensaios, foram selecionados todos os alunos capazes de performar as músicas. Eu não fui selecionado. Anos mais tarde ainda veria meus colegas dizendo “lembra daquela vez do Sesc no Parque em Ipatinga?” e eu teria que responder “eu não conseguia tocar o repertório nessa época”.
Frustrante.
Mas foi justamente nesse período que meus esforços começaram a frutificar. Enquanto os demais estavam numa rotina intensiva de ensaios, eu continuei as aulas e, me dedicando bastante a elas, comecei a dar conta do repertório. Não apenas isso, mas também comecei a conseguir executar as escalas no contrabaixo e dar conta dos exercícios passados em aula. Foi assim que fiz as pazes com o contrabaixo…
E senti o CAOS vindo no violino.
Apesar de serem da mesma família e seguirem a mesma lógica para execução, o violino e o contrabaixo conseguem se opor em várias coisas para além do timbre no extremo do agudo e no extremo do grave.
Violino é um instrumento pequeno, com cordas finas, tocado apoiado entre a clavícula e o queixo. Para tocá-lo, é necessário projetar o cotovelo esquerdo para dentro a fim de permitir maior controle da abertura dos dedos — que é pequena, a gente toca violino com a mão bem fechadinha. Existem diversas formas de mão para violino, a depender das notas que serão tocadas, mas em todas elas temos pouco espaço entre um dedo e outro. Além disso, não devemos apertar muito os dedos nas cordas, porque isso gera cansaço desnecessário e atrapalha a movimentação da mão no braço do violino.

Isso aí foi logo no meu primeiro ano de violino, então dá pra ver que meu cotovelo tá errado e isso deixa a posição dos dedos da mão esquerda bem desconfortável. Efeitos de tentar aprender violino e contrabaixo ao mesmo tempo tendo a coordenação motora de centavos.
Já o contrabaixo é um instrumento grande, pesado, tocado em pé e apoiado no chão mesmo e encostado mais ou menos de lado no nosso tronco. Para tocá-lo nessa posição, é necessário projetar o cotovelo esquerdo para fora a fim de deixar o pulso numa posição mais horizontal. As cordas são bem grossas e pesadas, por isso é necessário colocar bastante força ao apertá-las. Além disso, há um espaço maior entre as notas, o que exige uma abertura maior da mão. Passei bastante tempo treinando para conseguir abrir a mão o suficiente para conseguir uma forma de mão de contrabaixo — que tem menos formas que o violino, mas exige maior movimentação das mãos no braço do instrumento.

Eu em 2017 tocando contrabaixo, já no terceiro ano do instrumento. Minha postura aqui tá ótima (olha lá eu tocando na terceira posição, gente, que saudades!)
Ou seja: eu, com minha coordenação motora de centavos, estava tentando aprender ao mesmo tempo dois instrumentos que exigiam movimentos opostos. Além disso, minha anatomia não favorecia nem um e nem outro: para o violino, uma dificuldade constante é a grossura dos meus dedos. Isso faz com que eu desafine com mais facilidade e também impede uma execução perfeita de cordas duplas. Para o contrabaixo, os dedos grossos não são empecilho, mas o fato de eles serem curtos atrapalha bastante. Minha mão é pequena, então é difícil fazer a abertura necessária.
Claro que esses detalhes anatômicos podem ser corrigidos mandando fazer um violino um pouco maior que o 4/4, com maior distância entre as cordas, e com um contrabaixo 3/4. Mas ainda não tenho como bancar uma lutheria para mandar fazer um violino e um contrabaixo sob medida, e se não tenho o recurso hoje, claro que isso seria impossível em 2015 quando eu tinha apenas 17 anos.
Apesar de tudo isso, continuei me esforçando o suficiente para ter uma virada surpreendente no final do ano.
Fim de ano geralmente significa apresentações de natal em qualquer projeto de música. E é um momento aguardado para quem aprende um instrumento: a gente quer mostrar pra nossa família e amigos o que aprendemos durante o ano. E, nas duas ocasiões, tive meu momento de brilhar.

Impossível não me lembrar do Pedro em One Piece
No violino: lembram do Jonathan? O amigo polímata que avançou em 6 meses no violino. Parte do que me causava uma inveja misturada com admiração é ele tocar umas músicas que estavam muito hypadas naquela época, dentre elas… Thousand Years, da Christina Perri, a música mais tocada em casamentos por aí afora. E na apresentação de final de ano de 2015 eu escolhi tocar essa música. Toquei bem o suficiente para até mesmo algumas pessoas que estavam 6 meses a minha frente em tempo de aula me elogiarem.
Além disso, nas músicas de natal que tocariam todos os alunos do professor Sillas juntos como uma banda de violinos, eu fiquei com a voz “violino 1”, tocando a melodia. Claro que não significa que eu era o melhor violinista ali: existiam algumas vozes que exigiam um pouco mais de técnica que a melodia principal. Mas o violino 1 era muito importante, era o som que as pessoas ouviriam mais alto, no qual elas prestariam mais atenção. Por isso, só foram escolhidos alunos confiáveis para essa voz e eu fui um deles. Aquele foi um dos dias de glória no instrumento.

Esse sou eu e o professor Sillas naquele dia
Já no contrabaixo, eu além de conseguir tocar o repertório inicial que era mais desafiador, também conseguia tocar algumas músicas novas que exigiam mais técnica no instrumento: como a famosa Can Can, de Jacques Offenbach. Ela exigia uma mudança da primeira para a terceira posição (isso significar deslocar a mão de um ponto do braço do instrumento para outro, sem perder a afinação. Vai por mim, no início é difícil). E, para me deixar ainda mais feliz, dessa vez eu toquei With or Without You do U2 também!

O da ponta direita sou eu com o contrabaixo.
Claro que este não é o final da história, mas eu me lembro de que era um adaqueles momentos em que eu estava extremamente satisfeito. O fato de coincidir com a conclusão do meu ensino médio pode ter algo a ver, mas o mais importante era: mesmo com a coordenação motora ruim, eu consigo aprender instrumentos musicais! Eu consigo tocar músicas.
Foi naquele momento em que uma coisa ficou clara para mim: eu provavelmente não me tornaria um musicista, mas a música sempre faria parte de mim. Eu não conseguiria mais viver sem.

Suco de jabuticaba. No quintal da minha casa tem um pé de jabuticaba que deu muitos frutos. A gente conseguiu encher um pote só de jabuticabas e ainda deu mais no pé. Como minha esposa não conseguiu ainda comer jabuticabas e eu não estava conseguindo comer tudo sozinho, resolvi fazer, pela primeira vez, um suco.

Tá aí o pé de jabuticaba.

E isso não era nem metade do que tinha dado.
A primeira ideia foi bater no liquidificador. Perguntei para minha mãe e ela deu a mesma ideia. Mas quando pesquisei no youtube, achei o suco batido no liquidificador fraco — e depois descobri que ele ainda amarga. Pesquisei mais um pouquinho e vi que o jeito certo é amassar um pouco e depois ferver. Fiz isso, mas deu medo de ter desperdiçado aquele tanto de jabuticaba. Daí levei 1 semana para ter coragem de experimentar.
Mas experimentei e ficou muito bom. Minha esposa ainda não lidou muito bem com o suco porque a cor lembra suco de beterraba, mas pelo menos para mim ficou ótimo. Nem precisei por muito açúcar.

Vanessa tem problemas com bebidas cor-de-rosa
Goodreads. E vamos para mais alguns livros lidos.

My rating: 5 of 5 stars
É um livro curtinho que traz como cenário o Brasil Colonial do século XVII, lá para os lados de Porto Seguro. Mas é um cenário muito mais fantástico do que realista.
Acompanhamos Ekundayo, um homem que acordou na praia da Bahia sem nenhuma memória e então entra em um acordo com a entidade Anansi (a Aranha que tece histórias e memórias) para libertar o povo dela em troca de ter de volta sua memória.
Nessa aventura vemos a resistência anti-escravagista dos negros e a resistência anticolonial dos povos indígenas atuando na formação de um quilombo, e caramba, isso é muito legal!
Outro detalhe que me chama a atenção é que temos finalmente uma reparação histórica-literária aqui: os personagens negros e indígenas recebem bastante nuance. São pessoas diferentes, com histórias diferentes, e com passados diferentes. Wilson traz aqui até algumas polêmicas (que não deveriam ser polêmicas) e nos dá essa visão humanizante -> indígenas que, em troca da sobrevivência, chegaram a trabalhar para os brancos; povos africanos que venderam escravos para os europeus; isso tudo aparece aqui e vemos como cada um lida com o peso de seu passado enquanto constrói um futuro. ENTRETANTO, os brancos são personagens planos, sem dimensões, só uns inimigos abobados que a gente fica feliz de ver a derrota.
Eu amei isso. Esse livro é um tesouro!
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E por hoje é isso. Até semana que vem.
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