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#10 — Um romance de época que faria Carina Rissi chorar de inveja
Uma fagulha de escrita se passando em Palmares, recomendação de uma leitura na VAL e atualizações dos Lâminas do Caos e da Colônia Modesto (que pode estar próxima de encarar um trágico fim).

Já tem um tempo que não atualizo as Fagulhas de Escrita, então vamos lá!

Imagine o Brasil em 1630. Mas não qualquer parte do Brasil, e sim na região da Serra da Barriga (atual estado do Alagoas), reivindicada como pertencente à Capitania de Pernambuco. Ali existe uma rede de quilombos que ficou conhecida como Palmares.
A vida em Palmares era muito boa. Mais comida do que nas vilas e fazendas de Pernambuco. Trabalho livre, com folgas programadas, em que todo mundo tinha uma função importante para a comunidade. Liberdade religiosa, sem a imposição católica dos portugueses ou a imposição calvinista dos holandeses.
Você contará a história de uma mulher escravizada que fugiu de um engenho de açúcar. Ela não ficou tanto tempo assim no engenho. Quando chegou ao Brasil, foi vendida como escrava de ganho para um mercador no Porto de Pernambuco, porque sabia ler, escrever e contar. Ao resistir violentamente a reiterados assédios deste mercador, foi vendida para um engenho como punição.
No engenho se tornou mucama, trabalhando na Casa Grande. Foi assim que soube da invasão holandesa em Recife, que manteve muitos dos homens ocupados demais para prestar atenção nos escravizados. Então essa mulher aproveitou o caos e organizou uma grande fuga para Palmares — lugar sobre o qual ouviu muito quando estava trabalhando no Porto de Pernambuco.
A fuga não foi 100% bem-sucedida. Alguns homens que não tinham ido para Recife conseguiram emboscar todo o grupo. Parecia tudo perdido quando eles apareceram: os guerreiros palmarinos. Dentre eles, um se destacava: o líder, que depois de matar os brancos, ajudou a protagonista com suas feridas e levou todos os sobreviventes para Cerca Real do Macaco. Finalmente, estavam em Palmares, a Angola Janga.
Conte a história de como esta mulher se encontra na vida palmarina e se apaixona pelo líder dos guerreiros.
Regras: O foco não são as batalhas, e sim a vida dentro de Palmares. Lembre-se que o ano é 1630, o início do governo da rainha Aqualtune, que teria sido a mãe de Ganga Zumba e avó de Zumbi, então o líder dos guerreiros já citado não é nenhum destes. Além disso, a ideia é que seja uma história romântica, então o casal protagonista terá final feliz.
Confesso que não gostei muito de Bridgerton, então nem tentei ler nada da Julia Quinn. Mas tive um momento de ler Tessa Dare e me diverti horrores! Daí entendo o apelo de querer um romance de época se passando no Brasil. Não temos exatamente uma aristocracia de fato aqui e a imagem do Senhor de Engenho já é cristalizada como um grande vilão escravocrata (amém por isso).
Daí, normalmente, a imaginação das pessoas se volta para o Brasil Império. Parece um Brasil mais civilizado e temos fazendeiros-empreendedores fazendo o país ir para frente. Comendadores e Barões do Café parecem figuras mais dignas para serem os mocinhos dos romances.
Só tem um problema nisso: eles também eram vilões escravocratas, e a origem da fortuna deles estava intimamente ligada ao tráfico negreiro. E não, você não pode fazer a Carina Rissi e fingir que isso não aconteceu. Além de ser um desrespeito com nossa história… Nossa, ficaria horrível, não faz o menor sentido!
Mas existe um Brasil muito mais civilizado no nosso passado histórico. Um que durou quase cem anos, que foi forte, próspero, e que as pessoas podiam viver livres: Palmares. A memória de Palmares é tão positiva que serve, ainda hoje, como modelo para pensar um futuro melhor para nós.
Sendo assim, por que não usar? Por que não mostrar Palmares em seu auge, no lugar de mostrar seu declínio em 1695? Por que não imaginar um romancezinho gostoso acontecendo ali naquelas terras livres?
Dai que veio a fagulha.
Recomendações de leitura:
A República de Palmares e a disputa pelos rumos da nacionalidade brasileira, por Jones Manoel, artigo publicado na Revista Opera: A ideia deste artigo é justamente essa: pensar Palmares como um passado positivo que alimenta a construção de um futuro melhor. É importante pensarmos sim na luta, na resistência, mas não podemos nos esquecer de quem estava resistindo e pelo quê estavam lutando. Era algo muito bom! Para quem quiser seguir a ideia, esta leitura aqui é obrigatória.
Angola Janga, de Marcelo D’Salette, publicado pela Editora Veneta: Uma obra em quadrinhos que conta os últimos anos de Palmares. Por mais que a fagulha intente mostrar Palmares antes de seu declínio, pode ser interessante entender como ela estava em seus últimos dias também.
Quando o Rei Chegou Aqui, de Lily Lua, publicado pela Editora Uiclap: Não é exatamente um romance de época, mas tem romance e envolve nobreza. Conta a história da visita da família real de Oceaania do Norte, um país africano fictício, ao Maranhão de 1917.
Então temos também leituras para estudar Palmares, como..
Quilombo dos Palmares, de Edison Carneiro, publicado pela Editora Nacional; Palmares: A Guerra dos Escravos, de Décio Freitas, publicado pela Editora Graal; História do Negro Brasileiro, de Clóvis Moura, publicado pela Editora Dandara;
Os Quilombos na Dinâmica Social do Brasil, de Clóvis Moura, publicado pela Editora Edufal;
Os Quilombos e a Rebelião Negra, de Clóvis Moura, publicado pela Editora Dandara;
E, bem, também tenho que dizer que Tessa Dare e outras autoras daqueles livros de romance de época na Inglaterra não são isentas das criticas que fazemos a romantização dos Barões de Café. A Inglaterra tem lá seus problemas. Porém, existem autoras que conseguem lidar bem com as contradições da época retratada. Vou recomendar então três autoras:
Courtney Milan, Alissa Cole e Bervely Jenkins.
Que esta fagulha incendeie e acenda suas ideias.

VAL. Se você ainda não entendeu 100% o título da newsletter, recomendo que você leia meu texto “A leitura perdida entre o escapismo e a alienação”, onde eu explico porque “Perdida” da Carina Rissi é um desserviço racista à literatura.
Lâminas do Caos. Seguindo com a exploração da mina anã a mando de Ezequias Heldret, os Lâminas do Caos encontraram um laboratório de uma antiga construtora anã chamada Tallaka. Após enfrentar vários construtos, alguns feitos de aço normal e outros de aço-rubi, descobriram que Tallaka era uma anã de Doherimm, a nação anã, e nesse passado eles estavam em guerra contra trolls e fintrolls. Tallaka estava pesquisando armas baseadas em aço-rubi para virar o jogo em favor dos anões. Também descobriram que ela tinha um golem assistente chamado K.

Tallaka e K, a ilustração oficial da Jornada Heróica “Coração de Rubi”
Depois de enfrentar construtos feitos a partir de cadáveres de trolls enxertados com aço-rubi, conseguiram uma chave que abria uma sala trancada no laboratório. E lá estava K, que acordou depois de décadas, querendo saber onde estava sua amiga Tallaka. Quando percebeu que estavam no ano de 1420, ficou muito triste. Arkon o consolou e K resolveu seguir aventura com eles.
Agora, no início do verão, chegando ao mês de Shirravia (o quarto mês do ano artoniano), começaram a explorar o último andar da mina. Foi um grande desafio para Arkon ver um abismo logo no primeiro corredor, um buraco tão grande que não parecia ter fundo. Ele conseguiu se esgueirar pelas beiradas até chegar ao outro lado, mas não sem ficar abalado por causa de seu medo de altura.
Lónien não teve dificuldades de fazer o mesmo que Arkon, e K simplesmente pegou impulso e pulou para lá. Darius tentou pular e tentou se esgueirar pelas beiradas, mas suas pernas bambearam tanto que não conseguiu (e eu consigo imaginar as pernas do Daniel, o jogador do Darius, bambeando igual). Então Mérida se transformou numa onça, pôs Darius montado em suas costas, e atravessou o buraco com ele.
Ao explorar os laboratórios, acharam registros finais de Tallaka, que disse que chegou a utilizar anões como cobaias para seus experimentos. K ficou muitíssimo abalado com a notícia de que ela chegara a tal extremo antiético, mas conseguia imaginar que a guerra tinha mudado sua antiga amiga.
Por fim, conseguiram uma última parte de uma chave anã que permitia abrir o cofre de Tallaka. Lá deveria estar o artefato que permitia a forja de aço-rubi, aquilo que Ezequias Heldret queria para criar um exército capaz de destruir a Área de Tormenta do Reino de Zakharov. O que eles não esperavam é que teria um inimigo terrível lá dentro.

A Abominação Rubi
Partes de aço-rubi, partes de troll, partes de anões, tudo montado numa quimera assustadora. Essa era a abominação rubi, que atacou os Lâminas do Caos assim que eles entraram no Cofre de Tallaka. Ele atacava com duas garras dilaceradoras, uma pancada que te deixa sangrando e uma mordida atordoante. Era forte demais.
Arkon, ao receber o ataque dilacerador das garras, viu sua vida passar diante dos seus olhos e seu sonho de destruir uma área de tormenta para criar ali uma fazenda quase caiu naquele abismo. Darius, vendo o mais forte do grupo quase sucumbir e falhando em acertar uma flecha sequer naquela abominação, percebeu que morreria se sofresse qualquer ataque daquele monstro. Vendo essa situação, Mérida sugeriu que eles fugissem. Não estavam bem equipados para aquela batalha. Ela então conjurou zumbis para distraírem a abominação rubi e, com esse tempo ganho, eles saíram do cofre e o trancaram outra vez.
Passaram dois dias em Yuvalin, com Lónien e Mérida tratando das feridas de Arkon, e aproveitaram para comprar mais equipamentos. Darius se equipou com venenos para passar nos virotes de sua besta leve, comprou um arpéu para auxiliá-lo na travessia daquele buraco — liberando Mérida de ter que assumir uma forma de onça e poder usar o tatu peba, que forneceria mais proteção contra o monstro. Mérida, por sua vez, resolveu comprar um frasco de beladona — veneno que deixa as vítimas paralisadas — e um item especial que manteve em segredo. Arkon, por fim, achou melhor comprar algemas. Se conseguisse parar aquelas garras dilaceradoras, poderia dar um fim à abominação usando sua marreta de guerra! Além disso, comprou um enfeite de elmo para lhe dar mais coragem ao enfrentar seu medo de altura.
De volta à mina de Tallaka, Darius usou seu arpéu para se prender ao teto da mina e atravessou o abismo igual ao Tarzan (ou a Miley Cyrus). Então foram direto para o cofre de Tallaka num round 2 contra a Abominação Rubi.
Foi uma batalha longa e árdua, e nem mesmo a carapaça da forma de tatu de Mérida conseguiu lidar com os golpes fortes do monstro — ela chegou a ficar sangrando depois de receber uma pancada e teve que ir para um canto da sala fazer os primeiros socorros em si mesma. Mas ainda deu para executar vários planos.
O primeiro plano: Mérida usou a magia “Raio Solar” e deixou a aberração cega por alguns segundos. Aproveitando esse meio tempo, passou o frasco especial para Darius e falou: “taca na boca dele!”. Usando sua pontaria magnânima de caçador, Darius jogou o frasco misterioso e acertou em cheio, infectando a aberração rubi com o Elixir do Amor! Assim que o efeito da cegueira passasse, o monstro se apaixonaria pela primeira criatura que visse.
E a primeira criatura que viu foi o tatu peba no qual Mérida havia se transformado com seus poderes druídicos. Infelizmente, porém, a vontade de sangue do monstro era grande demais para sucumbir à paixão. Isso anulou o efeito do elixir do amor.
Mas Darius não desistiu e jogou o frasco de beladona que Mérida havia passado para ele iniciando o plano 2: paralisando a criatura, poderiam atacar a vontade até destruí-la. De início, deu errado. A mira de Darius foi precisa, mas a aberração acabou se movendo e o frasco se quebrou, despejando o veneno no chão. Arkon, não querendo que o ataque do companheiro fosse desperdiçado, então foi até a aberração e o derrubou, fazendo-o lamber o veneno do chão.
Parecia que tudo ocorreria bem, mas… O monstro era imune ao efeito da beladona, não poderia ser paralisado.
Foi difícil sobreviver aos próximos ataques, mas Arkon conseguiu por em prática o plano 3: algemá-lo para restringir os movimentos das mãos. O monstro ainda poderia morder, mas não poderia usar suas garras ou pancadas. Aproveitando isso, Darius usou suas setas venenosas ao passo que Mérida usou a magia “Flecha Ácida”. Com os acertos dos tiros, finalmente conseguiram destruir a Abominação Rubi.
A sala estava cheia de tesouros antigos, mas duas coisas chamaram a atenção. Primeiramente, encontraram o corpo de Tallaka. Ela tinha sido morta por suas próprias criações. K ficou triste, mas também aliviado por ter descoberto o fim que sua antiga amiga teve. Agora ela poderia descansar em paz.
A outra coisa que chamou atenção foi: a forja-rubi não estava lá. Ezequias não vai gostar de saber disso, mas… Pelo menos eles deram o seu melhor.
Oxygen not Included. A chegada do 200º ciclo da Colônia Modesto veio com tragédias e crises.
Na mesma obra que matou Ellie e Stinky, Turner e Askhan trabalharam sem oxigênio sufocando até a morte. Ainda é um mistério o que faz com que os duplicantes se submetam a isso e não interrompam o trabalho para ir respirar. Infelizmente, perdemos estes dois. Claro, mais duplicantes foram impressos, mas nenhuma vida é verdadeiramente substituível.

Por quê????
Mas o pior estava por vir. Fazendo uma fazenda de mucuras para aumentar a produção de energia da base, não percebemos que o estoque de água já tinha acabado. Sem água, não havia como gerar oxigênio. Foi uma corrida de dois ciclos em alerta vermelho para cavarem até uma nova fonte de água.
Esta nova fonte estava longe e num ambiente com limo, que possui muitos germes. Mas era aquilo ou ficar sem oxigênio. E o oxigênio da base chegou perto de zerar. Quase acabou. Parecia que seria o fim.

A Crise Hídrica do 200º Ciclo foi a pior coisa que aconteceu a Colônia Modesto
Muitos vomitaram, muitos choraram. Não dava tempo de usar os banheiros, então muitos fizeram suas necessidades onde estavam. O estresse de todos foi até 100%. Mas todos sobreviveram. Conseguiram repor a água. Ao longo dos próximos ciclos, o oxigênio foi voltando a ser gerado na base.
O problema é que com tanto estresse e com tanto trabalho negligenciado, a temperatura da base subiu consideravelmente outra vez. Além disso, muitos outros gases se infiltraram na base com a ausência de oxigênio, especialmente o gás cloro. Isso afetou a fazenda, que parou de produzir. A crise dos gases foi remediada conforme o possível, embora ainda seja necessário construir um esquema para filtragem do ar em toda a base. Entretanto, agora que a fazenda voltou a produzir, a comida da base se esgotou.
Será que os duplicantes conseguirão comida o suficiente para sobreviverem? Ou será que a Crise Hídrica vai desencadear uma crise de fome sem precedentes? A Colônia Modesto passa por seu momento mais delicado. Pode ser o fim dela, mas apenas os próximos ciclos dirão.
E ficamos por isso mesmo, até semana que vem!
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