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#13 — Minha História Musical, Parte III: Agora vem o Primeiro Movimento
Conto sobre o momento em que comecei a fazer aulas de violino e toda a saga tortuosa antes de eu efetivamente começar, falo um pouco sobre a história do violino, e trago uma atualização sobre A Lenda de Larzo.

Dessa vez eu não coloquei muitos links para músicas, mas usei alguns termos que pode confundir. Por isso já vou explicar aqui.
Timbre é a aparência do som. Você sabe o som de um violino ou o som de um piano, conhece o som da voz de alguém. Isso é o timbre.
Associado ao timbre posso acabar falando, na verdade, de algumas classificações de alturas que normalmente são chamadas de vozes. As alturas se referem a quão agudos ou graves são os sons, e essas tais vozes normalmente são as seguintes:
Soprano: A voz mais aguda. Em humanos, geralmente é desempenhado por vozes femininas. Mas homens também podem treinar falsetes para alcançar estas alturas, cantando um soprano mais “artificial” (mas igualmente belo) conhecido como contratenor.
Contralto: Fica aí um médio-agudo, normalmente fazendo um contracanto harmônico com o soprano. Ainda é agudo, mas é mais grave, e por isso também é uma voz que, em canto humano, é desempenhada por mulheres.
Tenor: Um médio-grave, chegando ao que em humanos seriam vozes masculinas.
Baixo: Grave de verdade, em humanos é praticamente exclusivo de vozes masculinas, mas nem todos os timbres de vozes masculinas conseguem dar conta do baixo. Na harmonia, geralmente o baixo faz a base harmônica.
Com isso já dá para entender tudo o que eu falo por aqui.
Anteriormente eu citei minha formação musical que foi muito influenciada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, mas que não escapou para sempre das influências das pessoas que estavam ao meu redor. Comentei que quis aprender violão, mas graças a ficar assistindo vídeos de covers instrumentais (especialmente do David Garrett) comecei a querer tocar violino. Hora de contar como isso começou de verdade.

Eu tinha aqueles meus amigos na igreja que faziam aula de música e me sentia bem excluído quando eles começavam a falar termos de teoria musical. Tinha um ensaio do coral da igreja — coral amador — e aí enquanto a pianista passava a música, eles vinham falar: “ah, isso é um trítono”, “essa música estava em dó menor e modulou para mi bemol maior” e eu ficava com cara de paisagem. Até tentei perguntar o que significava aquilo, mas ninguém nunca teve paciência de me explicar.
Talvez eu esteja fugindo do assunto de focar na minha história musical, mas eu acredito que essa parte é tipo a história de origem de vilão. Eu decidi ali mesmo que quando aprendesse alguma coisa e falasse sobre essa coisa, explicaria tudo a quem quisesse saber — dito e feito, embora essa característica soe irritante para muita gente. Afinal, eu acabo partindo do princípio de que as pessoas não sabem e explico tudo o que tô falando, aí tem quem ache que eu esteja menosprezando sua inteligência. Juro que não é a intenção. Mas já virou um hábito.
Enfim, se não bastasse os musicistas da igreja e eu estar apaixonado por uma garota da escola que tocava violão (e cantava), essas aptidões musicais começaram a pipocar na minha família. Minha avó paterna, ainda viva naquela época, tinha um teclado que ela gostava de tocar umas músicas que ninguém conhecia. Iandra, minha irmã mais nova, chamava de “músicas doidas da vovó”. De qualquer maneira, a gente ia para lá e juntava tanto Iandra quanto meu primo Guilherme para brincar no teclado. Quando eu assustei, Guilherme já estava tocando teclado, pegando músicas de ouvido e tudo o mais. Eu até tentei fazer o mesmo que ele, mas não consegui.
A essa altura, meu pai já tinha percebido meu interesse em aprender a tocar violino. Mas ele esperava que eu fosse lá, pesquisar preço de violino, preço de aula, e falasse para ele “pai, é tanto, quero fazer aula de violino”. Ele acreditava que eu não tinha iniciativa e temia que eu me tornasse um adulto sem autonomia, acomodado, que deixa os problemas chegarem e não se movimenta para resolvê-los. Da minha parte, porém, eu pensava que ainda estávamos sem dinheiro (afinal, cresci sabendo que minha família não tinha dinheiro e não aprendi a notar sozinho as épocas que a gente tinha). Eu não queria incomodar meus pais com isso. Se eles sabiam do meu desejo de aprender violino, me matriculariam nas aulas assim que percebessem que as contas da família permitiriam tal coisa.
Pois é, eu fiquei anos travado com meu pai basicamente porque não entendia que eu era autista. Nem minha família tinha informações o suficiente para olhar para mim e pensar: “talvez esse menino seja autista”. Eu só era muito quietinho, na minha, muito inteligente para umas coisas, mas aparentemente preguiçoso e acomodado para muitas outras. Eles tentaram resolver isso do jeito que sabiam. E eu também.
Mas então chegou final de 2013 e início de 2014. Não vou me recordar tão bem de como foi que isso começou, mas surgiu na igreja de outro bairro — a famigerada igreja do Grão Pará, que citei na última parte da minha história musical — um projeto social para musicalizar a igreja. Aulas de música no preço de 50 reais por mês, o que é praticamente de graça quando você fala em aulas de música. Isso daria 12 reais e cinquenta centavos por aula, em média. Iandra — que não tinha o mesmo problema que eu em pedir coisas — começou a fazer aula de flauta transversal e, meu pai, começou a fazer aulas de clarinete.
Uma memória ainda vívida é de mais um daqueles finais de semana no quarto da vovó Deja, com Iandra e Guilherme. Iandra tinha levado uma flauta doce e Guilherme estava no teclado e daí, juntos, aquelas duas crianças (tinham 12 e 13 anos de idade, respectivamente) reproduziram de ouvido My Immortal, de Evanescence. Isso porque eles sabiam que eu gostava muito do arranjo para violino que a Lindsey Stirling fez, então queriam me mostrar uma coisa legal. É óbvio que fiquei feliz com isso e elogiei muito, mas ao mesmo tempo fiquei morrendo de inveja. Eu queria tocar junto com eles, mas não sabia.
Em um parêntese do assunto, os dois continuaram se dando bem em música, viu? Iandra até chegou a aprender sax alto. Mas ela continua carregando mesmo é sua flauta transversal. Atualmente a engenharia aeronáutica não permite que ela continue estudando, mas volta e meia no instagram dela você pode ver um story dela tocando — mesmo que o carro chefe são as pinturas em parede (pois é, irmã mais nova multiartista). Guilherme, por sua vez, não continuou no piano, mas continuou na música… Ele compõe trap e montou um estúdio na casa dele, então se você estiver lendo isso e for de Teófilo Otoni e região, pode entrar em contato com ele. (e só para vocês não se assustarem com o que vai vir depois, teve uma época que Guilherme também aprendeu flauta transversal).
Enfim, mas as humilhações do início de 2014 não acabaram por aí. A gente viajou para Belo Horizonte e outra prima minha, Rafaela, estava aprendendo violino. Ela até me mostrou como segurar o arco. Na hora foi legal, mas eu já estava começando a me sentir passado para trás. Todo mundo aprendendo música, menos eu!
Quanto a meu pai e minha irmã estarem fazendo aula de músicas, só não me senti traído porque coloquei na minha cabeça que aquele projeto só tinha vagas para instrumentos de sopro e mesmo essas vagas já estavam esgotadas. Mas depois de um tempo, meu pai percebeu que isso não estava legal. Então ele conversou com o professor, o Ryccel, e perguntou se não dava para me encaixar lá enquanto não abriam novas turmas, para eu ir pelo menos aprendendo a teoria.
Daí só dependia de mim. E eu já tinha aprendido minha lição: se uma oportunidade surge, mesmo não sendo exatamente o que eu quero, eu deveria aproveitar. Nunca se sabe quando outra porta vai se abrir. E assim, mais ou menos em Maio de 2014, quando eu tinha 16 anos de idade, comecei a aprender música. Só a teoria musical, mas ler partituras já era um mundo novo que me deixava muito satisfeito!
As minhas aulas consistiam em definir um andamento (velocidade da música) e ler o nome das notas na partitura em seu ritmo. Isso se chama leitura rítmica, e eu me concentrava bastante nisso. Para muitas pessoas, isso é tão chato que ninguém quer aprender. Afinal, a vontade é pegar um instrumento e já ir tocando músicas. Mas para mim… Era o primeiro passo para algo que eu queria muito! Daí fiquei uns dois meses fazendo só isso sem reclamar. Muito pelo contrário. Eu estava muito feliz.
Depois de dois meses meu pai veio conversar comigo, dizendo que sabia que eu queria violino, mas não tinha expectativa de abertura de turmas para esse instrumento. Além disso, ele resolveu trazer aquele mesmo projeto de música para a igreja do nosso bairro, São Jacinto, e lá tinha um saxofone tenor. E assim eu comecei a fazer aulas de sax tenor.

Ainda sei tocar sax? Não, não lembro nadica de nada! Mas tá aí a prova de que já toquei um pouquinho. Foi meu primeiro instrumento musical.
Mas pouco tempo depois meu pai viajou a trabalho para Belo Horizonte e, passando numa loja de música, encontrou um violino de uma marca razoavelmente boa para iniciantes (Hoffma, que usa a mesma fábrica que a Eagle, a marca que os professores lá em Teófilo Otoni mais recomendavam para iniciantes pelo custo-benefício). Então ele me trouxe o que seria meu primeiro violino.
Ainda não tinha vagas com o professor Sillas, então estávamos conversando com Ryccel se ele poderia me dar aulas de violino, mesmo não sendo a especialidade dele. Ryccel até toca violino, mas sua formação é mesmo em clarinete. Ele manja mais instrumentos de sopro. Ele topou e eu levei meu novo violino para ser montado — porque o violino não costuma vir com as cordas colocadas, nem o cavalete, que é aquela pecinha de madeira que levanta as cordas.
E foi assim que descobri algumas coisas sobre violino. Primeiramente, há vários tamanhos. O tamanho recomendado para adultos é o violino 4/4, mas crianças de 8 anos, por exemplo, que tem bracinhos curtos, geralmente tocam violinos um pouco menores para melhor ergonomia, os violinos 3/4. Acontece que meu violino veio 4/4 com um cavalete de violino 3/4, por isso não deu para montar. Na outra semana fui numa loja de música comprar cavaletes de violino, mas quando cheguei à aula… Tinham me vendido um cavalete de viola (que não é violino, é outro instrumento, mas seria algo como um “violino contralto”, ficando entre o violino e o violoncelo em termos de timbre).
Pois é, assim descobri que as lojas em Teófilo Otoni, pelo menos naquela época, só sabiam mexer com tambores para fanfarra, violões, guitarras e contrabaixos elétricos. Fora disso, não eram nada confiáveis. Eu também tinha comprado as cordas gianinni (que para violões eram até boas), mas no violino durou pouco.
Nesse rolo para conseguir um cavalete (que precisei pedir pela internet), o professor Sillas abriu turmas de violino, e daí deu tudo certo parceiros.

E o tal violino é esse. Dei o nome de Violet Hoffma (nome de mulher para fazer a piada de “passei o dia dos namorados com ela <3” e ser meu violino). Foi meu primeiro violino e, curiosamente, dei de presente para Mariana, minha primeira aluna de violino, que inclusive é prima do Sillas, o professor que me ensinou a tocar.
Por um tempo conciliei o estudo de violino com o de sax tenor. O início do violino é bem mais desafiador que o do sax.
No sax a gente gasta mais ou menos uma semana para aprender a embocadura, que é a posição da boquilha do instrumento em nossa boca para o sopro produzir som. E daí temos que ir aprendendo o sopro do sax, que não é igual assoprar velinha do bolo de aniversário. Na prática você bate a língua dentro da sua boca como se estivesse falando “tututututu”, mas sem o “u”. Fica um t mudo que empurra puro ar para fora. Não leva tanto tempo assim para aprender e, quando você aprende, já consegue tocar algumas melodias simples — porque as notas são digitadas nos botões do sax, então daí pra frente é pegar agilidade na digitação, refinar o sopro, e melhorar o controle e qualidade do som cada vez mais. É fácil sentir a progressão no estudo.
Violino é mais ingrato no início. Primeiro de tudo, você precisa aprender a postura correta — e isso pode levar uma semana inteira de estudos. Sério, o estudo não é nem tocar o instrumento ainda, nem fazer som. É só aprender a posicionar o instrumento no corpo com a postura correta e a segurar o arco. Tem que ter muito cuidado com isso, porque a tal da postura correta é uma mistura de ergonomia com funcionalidade: precisamos consolidar uma postura que não cause nenhum tipo de lesão ao tocar por horas a fio, mas também precisamos de uma postura que te permita realizar todas as técnicas de violino — mesmo que no primeiro ano você provavelmente não vai executar nem um terço dessas técnicas.
Não bastasse isso, tirar som no violino também é difícil. Parece fácil quando a gente vê, é só arrastar aquele arco nas cordas e blam! Tá lá aquele som lindo. Mas na verdade, é preciso controlar bem a vibração das cordas usando o arco. Isso exige que a gente mantenha um controle do ponto de contato entre o arco e a corda, um controle da pressão do arco sobre a corda, e um controle da velocidade em que o arco percorre a corda. Som de instrumentos de corda friccionada (família do violino) é produzido por uma mistura de velocidade, pressão e ponto de contato. Como no início a gente não sabe controlar nada, o som varia entre um quadro negro sendo arranhado e uma muriçoca zunindo no seu ouvido. Sim, é um pesadelo.
Quanto a digitação das notas no braço do violino… Bem, já perceberam que não existem marcações, né? Pois é, e para além disso, fica aí a informação de que se você altera a posição do seu dedo em um milímetro na corda do violino, já muda a nota. OU SEJA… No início você não vai saber tocar nenhuma nota afinada (a menos que tenha uma percepção auditiva acima da média e uma excelente coordenação motora).
Mesmo com essa dificuldade maior, eu gostava muito mais de estudar violino. No início ficava tocando só cordas soltas para começar a aprender a controlar o arco. O exercício era basicamente: ré-ré-ré-pausa-lá-lá-lá-pausa-ré-ré-ré-ré-lá-lá-lá-ré-ré-ré-pausa-lá-lá-lá-pausa-ré-ré-lá-lá-rééééé. Eu tocava tanto que meu irmão mais novo, Ítalo, que na época tinha 5 aninhos de idade, começou a me imitar com um violino imaginário e cantando notas.

Bom, Ítalo cresceu me vendo estudar violino então nasceu nele o desejo de aprender também. Por um bom tempo, eu mesmo fui o professor do Ítalo. Hoje ele dá aula de violino na Orquestra Raízes do Mucuri em Teófilo Otoni (e esse violino dele aí é igual ao meu violino atual).
Entretanto, surgiu lá em 2014 uma nova oportunidade na cidade. O Sesc Teófilo Otoni estava abrindo um projeto social para crianças e adolescentes de 10 a 16 anos de idade: a Orquestra de Câmara Sesc. Não precisava ter instrumentos e as aulas seriam totalmente gratuitas, desde que se seguisse as regras e mantesse uma certa assiduidade. Eu me inscrevi, fiz a prova (que testava percepção musical a um nível bem básico, sem exigir nada teórico) e passei… Mas diferente do que eu pensava, não havia a possibilidade de eu tocar violino na orquestra do Sesc. Eu teria que aprender um instrumento diferente: o contrabaixo acústico, que até então eu nem conhecia.
Três instrumentos ao mesmo tempo eram um desafio grande demais para mim. Por isso tive que escolher entre o violino e o sax tenor. A escolha foi óbvia, né? Assim parei de tocar sax e me dediquei ao violino e ao contrabaixo (as aulas da orquestra começaram em Setembro de 2014).
Mas essa parte da história vou deixar para contar outro dia.
Já que chegamos até aqui, vou falar um pouquinho sobre o universo das cordas friccionadas.
Acredita-se que esse tipo de instrumento musical tenha surgido na China Antiga, com instrumentos como o erhu, mas na Índia também havia outros dois que podem ser tão antigos ou talvez mais antigos que o erhu chinês: o ravanastrão e o omerti. Mas o instrumento que os europeus acabaram conhecendo foi o árabe rebab.
Acredita-se que o rebab árabe evoluiu para a lira bizantina, que já lembra mais uma rabeca. Pois é, da lira bizantina é que vem as famosas rabecas. Elas se espalharam por toda a Europa, com muitas variações, junto com o próprio rebab árabe.
Depois essa família foi se dividindo em dois tipos: a lira de braço (no estilo aí das rabecas), e outra que era tocada entre as pernas, a lira de gamba, mais conhecida como viola da gamba. Na família das liras de braço então surgiu uma variação com uma capacidade sonora maior (lembrem-se, no passado não existia microfone). E este é o violino.
O violino surgiu por volta do século XVI na Itália. Na época ele ainda era um pouco diferente do que vemos hoje: o material das cordas era diferente, o arco era mais curvo (parecendo realmente um arco, o que justifica o nome), não tinha queixeira e muito menos acessórios como a espaleira. Enfim, tanto a tecnologia de fabricação, quanto a ergonomia e as próprias técnicas de violino foram evoluindo com o tempo para chegar ao violino moderno.
E, claro, que as ideias foram se espalhando para a família das cordas friccionadas. Numa formação clássica de orquestra agora nós temos o naipe de cordas dividido entre quatro desses instrumentos: violino (o mais agudo, sendo como a voz “soprano”), viola (não confundir com a caipira, esse aqui parece um violino “grande”, é um médio-agudo, na afinação do violoncelo, seria uma voz “contralto”), violoncelo (conhecidíssimo também, tocado entre as pernas, com timbre médio-grave, seria uma voz “tenor”) e o contrabaixo (o mais recente da família e o maior de todos eles, normalmente tocado em pé ou com uma cadeira bem alta específica para se tocar este tipo de instrumento, timbre grave, seria a voz “baixo”).
Como o contrabaixo é o mais novo da família, por muito tempo as cordas friccionadas dividiram-se num quarteto um pouco diferente, com dois violinos (um tocando mais agudo para fazer a voz soprano, e outro tocando um contracanto mais grave para fazer o contralto), uma viola (fazendo o tenor) e um violoncelo (fazendo o baixo). Até hoje vemos essa formação nos quartetos de cordas.
Nas orquestras, porém, o contrabaixo já foi completamente inserido (mesmo que o instrumento tenha ganhado mais popularidade no jazz). O naipe de cordas fica então com cinco vozes: violino 1, violino 2, viola, violoncelo e contrabaixo.

A Lenda de Larzo. Pois é, vocês já devem ter reparado que eu voltei com a newsletter no domingo passado, mas chegou a segunda-feira e não teve A Lenda de Larzo. Então vou ter que anunciar um hiato aqui para repensar algumas coisas dessa história. Mas logo mais estamos voltando com Larzo, agora saindo da Vila Amora e indo conhecer o mundo junto de Razeru.
Entretanto, para essa segunda, eu ficaria de olho hein. Talvez eu queria mostrar uma coisinha por aqui.
Goodreads. E mais uma atualização de minhas leituras por aqui.

My rating: 5 of 5 stars
Um dos melhores livros que li.
Eu acabo não sendo lá tão chegado em ficção histórica (mesmo amando história), mas quando vi essa sinopse de contar a história de um homem negro na época da Guerra do Paraguai... Aí não deu! Eu tive que ler.
Guerreiro Liberto é uma história de vingança, mas sem ser aquela coisa individualista dos filmes estadunidenses. Tem muita ação, mas expressa bastante a raiva coletiva que nós negros sentimos. Enquanto eu lia, consegui me ver em muitas situações parecidas e é simplesmente catártico ler o protagonista enfrentar esse Brasil dos brancos.
Tem uma ou outra decisão de enredo que eu achei questionável, mas num geral eu amei. É inclusive muito legal saber que muitos dos eventos ali realmente aconteceram (tipo os Caifazes). A parte da Guerra do Paraguai também é muito bem retratada. Pessoalmente, eu consigo odiar o Duque de Caxias haha, mas realmente ele não era uma figura bidimensional na história do Brasil.
Enfim, não há muitos livros que trazem nosso passado sob o olhar negro. Esse aqui traz e faz um trabalho muito bom. Super recomendo.
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E por hoje é isso. Até semana que vem!
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