- Asas à Prova do Sol
- Posts
- #9 — Máfia, Estado e Poder
#9 — Máfia, Estado e Poder
Um monte de reflexões que me fizeram concluir que o mundo capitalista gestado por estados burgueses é um mundo dominado por tráfico de drogas. Burguês é tudo traficante! Daí cito um rap fodão, mostro minhas conquistas culinárias e dou atualizações da Colônia Modesto de Oxygen not Included.

Pois é, essa semana resolvi dar uma pausa da minha história musical. Mas relaxa que vai ter música também.

Estou lendo um livro muuuuuuuuito bom da Gabi Moura chamado “Juramento de Sangue”, que é continuação de “Aliança de Sangue e Honra” (melhor livro que li em 2023, fiz uma resenha na VAL que você pode ver aqui). Resumindo, é uma história de romance entre dois mafiosos, então a gente vê pra caramba o cotidiano das máfias e tal. Enquanto eu lia, comecei a pensar: meu Deus, a gente tá falando de empresas, né? E principalmente considerando que cada clã mafioso tem seu exército, eu também pensei meu Deus, é como se eles governassem países.
Inclusive, vale ressaltar que mega corporações já se parecem com países no nosso imaginário. Se no lugar de príncipe encantado as garotas já estão idealizando o casamento com o CEO de alguma empresa, nosso interesse por histórias de intriga palaciana também consegue ser bem saciado com histórias de intriga entre empresários e herdeiros de empresários. Lembro de ter lido um livro assim do Sidney Sheldon, o nome era “A Senhora do Jogo”. E, para além disso, tem essas séries tipo “Dinastia”. Poxa, “dinastia” é o termo usado para famílias que governavam países, mas a série é sobre bilionários. Nem sou eu quem estou inventado o paralelo, né?
MAS ENFIM, outra coisa que me levou a toda essa reflexão é o contexto das máfias no universo do livro. A história se passa num mundo inventado onde as pessoas tem poderes “mágicos”. Não são todas as pessoas, só algumas. Essas algumas são chamadas de “nerus”. O foco da história é no país de Tamar, que tem uma lei que obriga todos os nerus a se alistarem no exército. Daí um jeito de escapar do serviço militar é trabalhar para alguma das máfias, é assim que elas se inserem na sociedade e recrutam.
Também tem o fato de que os próprios clãs mafiosos descenderem de famílias reais de reinos que existiram no passado daquele mundo. Tipo o Clã Jartal, que é o clã de um dos protagonistas. Eles já dominaram o Reino de Karma, que existiu em parte daquele território séculos atrás.
Outra coisa interessante é uma parte em que o Calisto Jartal (um dos protagonistas) pensa como o clã Haydan manteve o controle de uma cidade lá: basicamente usaram os recursos da máfia para zerar a criminalidade local ao mesmo tempo que silenciava os moradores impondo uma lei proibindo cooperação com os órgãos federais de Tamar. Por um lado eles mantém a simpatia do povo porque estão “governando bem” a cidade, e por outro lado eles tem o poder de ameaça para ninguém ali “sair da linha”. Isso é basicamente o que um país faz. Daí pensei: a Haydan é um Estado Paralelo ali.
Uma informação sobre mim: meu pai é policial militar (atualmente aposentado). Eu cresci bem próximo do universo da Polícia Militar de Minas Gerais. Experiência completa, fotinha em viatura quando era bebê e também estudar no Colégio Tiradentes a maior parte da vida.
Eu não cresci exatamente com aquela ideia de “meu pai prende ladrão” porque eu sabia que ele trabalhava na área de trânsito. Porém, era simples pensar que a instituição para a qual meu pai trabalhava era boa porque eles garantem nossa segurança, né?
Enfim, hoje eu sei que não é tão fácil assim. Não dá para a gente dizer que as polícias militares no Brasil garantem a segurança da população. Para boa parte da população (e não estou falando de bandidos), ela acaba representando uma ameaça. Claro, para falar mais especificamente sobre isso sem ficar recorrendo a exemplos anedóticos, caberia eu dar uma estudada. Ainda está nos meus planos ler “História da Polícia Militar no Brasil: Estado de Exceção permanente?”, do Almir Felitte, mas primeiro eu gostaria de ler o clássico “História Militar do Brasil”, do Nelson Werneck Sodré. Por hora vamos ficar com o simples.
Falando o óbvio: não estou dizendo que os policiais militares são maus trabalhadores. Eu sei que meu pai é uma pessoa honesta e um bom trabalhador e não tenho como saber da vida de todo mundo. Minha questão é institucional mesmo, e instituições são um assunto mais complicado que isso.
Vamos lá: as polícias são um órgão fiscalizador e repressor das transgressões da lei. Basicamente, a função é aplicação da lei. E daí a gente vai discutir: quais leis? E essas leis são boas ou ruins? E qual é a intenção dessas leis? Bom, eu não sou formado em Direito e também tenho muito o que estudar sobre isso. Mas com as coisas que eu estudei, tenho uma ideia.
Simplificando a história do Brasil, posso dizer que o início da colonização foi a montagem de uma empresa de produção de açúcar para vender na Europa. Açúcar vendia muito bem na Europa nos séculos XVI e XVII (e nos próximos também) e Portugal, numa coligação com a Holanda, estava com o monopólio. Formar capitanias, pacificar indígenas, trazer escravizados africanos traficados, trazer colonos portugueses… Isso tudo era para vender açúcar. Acho que não preciso explicar nada em termos de bem e mal aqui, né? O ponto é que a legislação de Portugal para se aplicar ao Brasil tinha a intenção de proteger todo esse esquema. Óbvio, era do interesse da Coroa Portuguesa manter essa mina de ouro.
Falando em mina de ouro… No Século XVIII acharam ouro no Brasil e nós tivemos a maior onda migratória de colonos para o Brasil. Todo mundo queria o ouro. E aí óbvio que a legislação brasileira, submissa ao poder colonial de Portugal, vai proteger os interesses da Coroa Portuguesa — afinal, era a aristocracia portuguesa quem dominava a sociedade de Portugal e suas colônias.
O interessante é o que o caso da Inconfidência Mineira é um conflito de interesses entre colonos que vieram pra cá para enriquecer com o ouro e a Coroa Portuguesa impondo impostos. Ninguém queria pagar o quinto dos infernos! Daí o alferes (patente militar) Tiradentes foi morto, esquartejado, porque ele era um bandido, vagabundo, que não seguiu as leis! (/ironia). Mais interessante ainda é saber que o Tiradentes é o patrono da Polícia Militar de Minas Gerais. O símbolo da PMMG é literalmente a cara do maluco!

Aí está o Brasão da PMMG. No centro temos o Tiradentes, como eu falei, e de resto temos os ramos de café que indicam o interesse econômico por trás da criação desta instituição. Já já vamos falar da Galera do Cafézinho.
Depois tivemos o ciclo do café, né? E aqui a coisa é diferente porque, em 1808, a Família Real Portuguesa se mudou para o Rio de Janeiro fugindo de Napoleão Bonaparte. Aí aqui deixou de ser a colônia para ser um reino unido com Portugal, servindo de capital por uns vinte anos ainda. Significa que agora a produção do café não iria para Portugal e de lá Portugal administraria o resto. Agora o Brasil podia vender com todo mundo porque Brasil e Portugal são um só. Se você fosse um fazendeiro de café daquela época, estaria se esbaldando.
O que era a lei? O que era o bom? O que era o certo? Bom, manter os interesses da família real portuguesa e dos produtores de café! Isso incluía, por exemplo, suprimir possíveis movimentos republicanos que viriam da população negra escravizada. Tinha acontecido a Revolução Haitiana há poucas décadas e os nossos cidadãos de bem estavam morrendo de medo.
Mas até agora, aqui nas Américas, as colônias estavam vivendo essa existência de pacto colonial. Aqui era só um lugar a ser explorado. Tudo o que era produzido aqui só poderia ser comercializado com sua respectiva metrópole. E é claro que as pessoas aqui não gostavam dessa ideia. Pipocaram os movimentos de independência, e o que eu gostaria de chamar a atenção é o dos Estados Unidos da América (ainda sendo “As Treze Colônias”).
Já tinha acontecido na metrópole dos Estados Unidos, a Inglaterra, uma revolução burguesa — um momento em que a classe burguesa chutou a bunda da monarquia (a cabeça do Rei Carlos rolou) e assumiu o controle de tudo. Por isso lá virou uma Monarquia Parlamentarista. Agora, no lado americano, a galera ficou: “poxa, mas também somos burgueses e não queremos ficar subservientes só porque estamos na América e não na Europa”. E aí dá-lhe Revolução Americana, outra revolução burguesa, que culminou na independência das Treze Colônias formando os Estados Unidos da América. A forma que eles escolheram foi de uma república, até porque não tinha outra monarquia na parte americana do Império Britânico e não era interessante para eles simplesmente criarem um Parlamento Americano ligado a Coroa Britânica.
O que rolou em 1822 no Brasil foi parecido, com uma exceção: não foi uma revolução burguesa. O medo do fazendeiro de café era voltar a ser colônia, ficar naquela situação de pacto colonial de novo, perder lucros. Daí sim, se inspiraram nos ideais liberais e etc, mas a ideia era: vamos fazer o Brasil ser um reino independente e assim poderemos manter nossos privilégios recém-adquiridos, mas vamos tentar evitar uma guerra de independência porque vai que rola uma REVOLUÇÃO HAITIANA no Brasil?
E aí rolou todo o movimento para convencer o príncipe herdeiro de Portugal, o Pedro (aquele vagabond), a ficar no Brasil quando sua família foi embora. E era legal pro Pedro também. Em vez de esperar seu pai bater as botas, ele já podia virar Imperador do Brasil agora mesmo, olha que legal! E assim orquestraram a independência meia-bomba que manteve um rei português no Brasil com uma guerra bem diminuta contra Portugal.
Durante essa época, o “Brasil Imperial”, a gente teve a maior onda de tráfico negreiro da história. Começaram a fazer legislações para parar isso? Sim, mas aí o pessoal tava cagando para isso e teve muito traficante de escravizados que virou fazendeiro de café.
Teve um monte de bandido nessa época querendo abolir a escravidão, proclamar república e um monte de coisa que não era interessante lá pra galera do cafézinho. E aí tinha polícia e exército pra meter o canhão neles!
Mas nesses conflitos de classe, no final concordaram em abolir a escravidão (a muito contragosto) e proclamar a república (nos termos da galera do cafézinho, agora muito aliadíssimos dos militares). Estabeleceram uma oligarquia (daí a República do Café com Leite), mas daí tiveram: pessoas negras querendo ter direitos (absurdo, já que eles tinham interessem em “purificar” a raça brasileira deixando todo mundo branco), trabalhadores rurais querendo produzir comida para eles mesmos em vez de trabalhar num esquema de exportação que não enche a barriga de ninguém… A solução foi meter o canhão nesses meliantes.
Aí lá em torno de 1930 temos uma revolução burguesa aqui (até o momento eu acho que foi uma revolução burguesa) e a galera do cafézinho ficou para escanteio, porque o negócio agora é desenvolver indústria. A lógica ficou a seguinte: país desenvolvido tem gente branca? Então cria lei pra incentivar imigração de gente branca européia. Tem gente negra morando nesse loteamento que é pro povo branco morar? Expulsa esses vagabundos pra mais longe. Tem gente dizendo que as condições de trabalho tanto dos operários imigrantes quanto da população negra que tá se virando é ruim? Criminaliza e mata esses bandidos!
Enfim, a história é muito parecida o tempo todo, né? Daí já desistiram disso de indústria brasileira, abriram espaço pra galerinha da soja e do boi, e quem reclama disso — tipo o MST — é bandido.
Meu ponto com esse resumex simplificadex é mostrar que as leis não seguem exatamente uma lógica moral de “certo e errado”, como se tivesse essa discussão ética e moral antes com o intuito de garantir o bem estar para o maior número de pessoas ou algo do tipo. Em primeiro lugar, elas vão defender os interesses da classe dominante. Se tiver como, elas cuidam de alguns interesses das classes dominadas, mas muito mais num sentido de manutenção da ordem vigente do que num sentido de preocupação com o bem estar social.
E daí vem aquela coisa: de onde essas instituições vêm? Como surgem as leis? Como surge essa noção de certo e errado?
Enfim, nós somos seres humanos e vivemos em sociedade. Daí a gente cria formas de nos organizar a partir, primeiramente, de uma divisão social do trabalho e depois vamos lá organizando os demais aspectos da nossa existência social. Essa instituição que chamamos hoje de Estado tem uma configuração que visa manter os interesses de um grupo de pessoas na nossa sociedade chamada burguesia, por isso é um Estado Burguês. Em primeira instância, as instituições do Estado vão defender os interesses dessa burguesia. Quanto ao resto, a gente tenta disputar o controle dessas instituições para não sofrer um massacre.
O moderno poder de Estado é apenas uma comissão que administra os negócios comunitários de toda a classe burguesa.
A esse ponto dá para pensar também aquelas discussões da época das eleições: queremos Estado Forte ou Estado Mínimo? Mas enfim, o que ninguém fala é que o tal “Estado Mínimo” é só na hora de criar empresa pública, política pública e essas coisas que costumam ser conquista da classe trabalhadora. A parte da burguesia (tipo manter taxa de juros lá nas alturas, auxílio fiscal pra bilionário e tudo quanto é isenção de impostos pra galerinha da soja) não entra nessa discussão. Daí não vou falar mais nisso porque é inútil… O Estado é burguês e ele não vai diminuir enquanto a burguesia estiver no poder, só vai diminuir a parte que a gente conquistou.
Mas ok, tem outro detalhe que vai conectar de volta ao lance das máfias (que foi o que começou todo este fluxo de pensamento). O Estado não é absoluto. Quando a gente diz que uma certa população foi marginalizada, queremos dizer que ela foi jogada para as margens mesmo. Esquecida. Ignorada. É o que aconteceu com a população negra brasileira desde a abolição da escravidão, né? Agora que a gente não serve mais como ferramenta, queriam mais é que a gente sumisse.
Mas bem, nessa marginalização da população negra a gente vai ter um monte de gente que não vai ter acesso a nada de bom que a organização Estado traz. Se temos tecnologia de saneamento básico e energia elétrica, o Estado não vai se mover pra levar isso lá nas favelas que estão se formando — as favelas, inclusive, se formaram justamente porque o Estado não queria garantir nem mesmo moradia. O que essas pessoas abandonadas vão fazer então? Se organizar paralelamente, claro.
Já que a estrutura maior é capitalista, não é incomum que surjam mini-Estados Capitalistas Paralelos também. Eu lembro de crescer ouvindo que nos morros tinha uma relativa segurança garantida por alguma gangue de tráfico de drogas. Até porque a intenção dos caras é vender uma mercadoria e ter lucro recorde (igual uma empresa), fazendo isso através do mecanismo do vício (igual as bets), e competir com as outras gangues. Dentro do próprio território eles precisam ter algum controle, se tiver ladrão o tempo todo o negócio ficaria ruim.
Bom, também é interessante pensar que existem as guerras entre facções, né? As guerras é disputando território e, o interesse naquele território tem a ver com expansão de mercado. Isso é igualzinho à Primeira e Segunda Guerra Mundial, não ironicamente.
É isso. O nosso mundo é governado por traficantes.
Claro que existe “guerra às drogas” (e as drogas estão vencendo), o Estado Brasileiro (Federação dos Investidores Varejistas da Bolsa e Fazendeiros Exportadores de Royalties) não vai querer que esses mini-Estados Paralelos comecem a entrar demais em sua esfera de influência, né? Eles não podem crescer demais.
Daí isso de mandar o bope subir o morro tem muito mais a ver com essa disputa de poder do que proteger a população lá. Entre a polícia e o traficante, o cidadão marginalizado vai morrer de bala perdida. E muitas vezes, como temos visto, nem é de bala perdida, né? “Confundido com bandido”, é assassinado pelo Estado Brasileiro. Com certeza a violência estatal não chega lá na Alphaville.
Se fosse alguém da periferia falando a mesma coisa, teria tomado tiro. E nem tô falando do policial em si que atendeu essa ocorrência, mas da forma como a instituição costuma operar mesmo. E cada policial sabe que na Alphaville eles teriam chances de exoneração caso agissem com violência, enquanto na periferia provavelmente a impunidade vai vir. Vai ter até governador de estado elogiando.
Depois desse grande fluxo de consciência, eu gostaria de fazer um comentário sobre o projeto da Lei Anti-Oruam em São Paulo (SP). Eu nem moro lá, mas repercutiu pra caramba porque é a galerinha do MBL jogando essa. Basicamente, querem proibir músicas que façam apologia a crimes. Parece legal a primeira vista, mas volta lá em cima e lê de novo o que eu falei sobre isso de “lei” e “crime” ser muito complicado.
O nome é porque tem um funkeiro chamado Mc Oruam que é filho de um traficante. Sobre ele ser filho de um traficante, dane-se, né? Isso não torna ele, automaticamente, um traficante. Mas o pessoal do MBL acredita que o funk dele é para defender o tráfico de drogas (?).
Nessa lógica, deveriam também proibir o filme e o livro “O Poderoso Chefão”. Com certeza o Mário Puzzo queria defender também o tráfico de drogas. Olha só, você tá aí se emocionando pela vida de um traficante de drogas ilícitas (álcool é uma droga e, naquela época, ela era ilícita).
Eu aposto que uma galera mais “conservadora” super toparia proibir o filme “O Poderoso Chefão”, mas a maioria das pessoas sabe que isso seria simplesmente ridículo. Então fica fácil entender que manifestações musicais tipo o gangsta rap não são apologia ao crime, né?
Não conheço o Oruam pra falar dele, mas conheço um rapper brasileiro que fez um gangsta rap bem legal e que combina com o que comentamos aqui. Tô falando do Don L com seu “Vila Rica”.
Na trilha pra Vila Rica
A tomar todo o ouro que eu preciso
Saquear engenhos no caminho
Matar os soldados do rei gringo
E nunca poupar um sertanista
É disso que eu chamo cobrar o quinto
Num bate de frente que o bonde tá bolado
Na mata fechada de tocaia
Uns caras de isca, as minas de carabina
O terror dos bandeirantes
Trombou com nossa cavalaria, chacina (plow)
Nós tivemos baixas incontáveis
Na real já foi uma revolução
Foi uma comunidade
Por cima de sangue derramado
Já fomos quilombos e cidades Canudos e Palmares
Originais e originários
Depois do massacre ergueram catedrais
Uma capela em cada povoado
Como se a questão fosse guerra ou paz
Mas sempre foi guerra ou ser devorado
Devoto catequizado
Crucificar em nome do crucificado
Seu Deus é o tal metal, é o capital
É terra banhada a sangue escravizado
Jesus nunca estaria do seu lado
Não estaria do seu lado
Jesus não estaria do seu lado
Faria mais sentido estar comigo
Jesus não estaria do seu lado
Faria e faz comigo a justiça
Caminha comigo na trilha pra Vila Rica
A tomar todo o ouro que eu preciso
Saquear engenhos no caminho
Matar os soldados do rei gringo
E nunca poupar um sertanista
É disso que eu chamo cobrar o quinto
Já foi uma revolução
Agora é vingança na ponta do cano do bandido
Eu chamo cobrar o quinto
E ainda virá uma revolução
Eu juro pela fé do seu Cristo
Um chumbo no peito que leva o crucifixo (plow! Aleluia!)
Faria mais sentido estar comigo
Jesus não estaria do seu lado
Faria e faz comigo a justiça
Jesus não estaria do seu lado
Brasil, Brasil, Brasil (toda canção, toda canção do meu amor)
Brasil, Brasil, Brasil (toda canção, toda canção do meu amor)
Brasil, Brasil (toda canção, toda canção do meu amor)
Toda canção do meu amor na alma
Em direção ao sul
Eu tenho uma cavalaria inteira em minha retaguarda
Em direção ao sul
Eu sei que é pouco, mas eu não vou sem levar alguns
Se é tudo pelo ouro eu vou levar algum
Mas vim foi pra cobrar os furos
Eu taquei fogo numa carruagem
Tomei a cruz do peito a céu aberto
E pus Jesus do lado certo
Toda canção do meu amor na estrada
Em direção ao sul
Eu tenho uma cavalaria inteira em minha retaguarda
Em direção ao sul
E se o sangue da minha guarnição deixar o chão vermelho
Cidades crescerão em cima de mil cemitérios
Que renascerão em guerras até que se cobre o preço
Toda canção do meu amor na alma (Brasil) Na (Brasil)
Na estrada pra Vila Rica (Brasil) Ah (Brasil)

.
Algumas novas experimentações culinárias. Então, na editoria em que eu estou na cozinha, resolvi testar panquecas americanas. Eu cresci assistindo a um desenho animado chamado “O Pequeno Urso” e lá o Papai Urso fazia panquecas de manhã de um jeito muito divertido. Eram as Panquecas Voadoras do Papai Urso. Eu cresci querendo experimentar.
Bem, essas não são as panquecas voadoras do papai urso, mas são as panquecas com calda de chocolate do Ícaro. Vanessa tirou foto e ficou tão linda que eu sinto muito orgulho quando vejo.

Sério, eu me senti muito orgulhoso de ter conseguido fazer isso aí. É simples, mas ficou muito bonito, parecendo foto de comida em embalagem. E tava mó gostoso também!
Se alguém tentar fazer, eu pus uma receita para duas pessoas. Daí foi jogar numa vasilha 1 xícara de farinha de trigo, 3 colheres de chá de fermento em pó (químico), 1 colher de sopa de açúcar, e 1 pitada de sal. Em outra vasilha bati 2 ovos e misturei com 1 xícara de leite. Então misturei o conteúdo das duas vasilhas até fazer uma massa parecendo massa de bolo. Daí untei uma frigideira antiaderente (usei uma Wok porque é o que temos) e fui colocando a massa para fazer umas 10 panquecas, que fui empilhando em dois pratos conforme na foto.
Para a calda de chocolate, misturei numa vasilha alta chocolate em pó, um pouco de açúcar (caso o chocolate em pó não tenha açúcar) e água. Misturei e deixei reduzir até não ficar líquido demais.
Além disso, na minha experimentação de como fazer dois autistas comerem mais legumes levando em consideração seletividades alimentares, resolvi experimentar um novo tempero para por no arroz (e no feijão e no que der): cenoura, cebola e alho. Eu achei que ficou muito gostoso!

O cheiro disso aqui é maravilhoso.
Usei a seguinte proporção: ½ cenoura, ¼ cebola, 5 dentes de alho. Bati tudo no processador e misturei. Armazeno numa vasilhinha na geladeira. Já estou para fazer mais.
Oxygen not Included. Sentiram falta da Colônia Modesto? Estamos ainda com problemas relacionados ao calor. Se aproximando do 200º ciclo, nossa colônia está muito quente e isso quase gerou o fim dela.
Para resolver, criamos um sistema de refrigeração baseado em canos para a nossa fazenda. Enquanto o hidrogênio é resfriado e circula pelas plantas, conseguimos manter a temperatura ideal para não perdermos nosso fornecimento de comida. E só por isso não tivemos a crise de fome generalizada que gerou o fim da Colônia Agora Vai.
Entretanto, temos algumas tragédias anunciadas para evitar: 1) o fornecimento de energia não é o suficiente para o gasto total da base. Para manter as baterias com alguma energia, estou sempre deixando três duplicantes correndo em geradores manuais. Os geradores por hidrogênio ainda não estão dando conta o suficiente. O plano é criar um rancho de mucuras, uns bichinhos que temos pela base, para gerar carvão (porque eles comem arenito e cagam carvão). Daí ampliar os geradores a carvão e crescer o fornecimento de energia. De repente, ter uma sala de geradores auxiliar.
2) A água da base é gasta mais rápido que o esgoto é purificado. Algumas soluções possíveis envolvem colocar um purificador de água próprio dedicado aos banheiros. Daí eles não pegariam a água da base e nem a jogariam no esgoto. Ao contrário, água de banheiro ficaria sendo a mesma circulando. O problema desta solução envolve o gasto energético. Ainda é arriscado colocar um segundo purificador de água. Outra solução envolverá mais exploração do ambiente em busca de novas fontes de água para drenar. Mas daí temos que nos preparar para enfrentar o Ambiente de Limo.
Por hora, nossos projetos em andamento envolvem uma sala de produção de fertilizantes (já em andamento), um rancho para criação de bichos (em andamento0 e um cemitério (quase pronto). Neste último, tivemos alguns duplicantes dedicados demais que acabaram morrendo na execução.
Assim perdemos o mijão do Stinky e Ellie, a engenheira elétrica.

Não sei porque eles não voltaram para respirar, sério. Nem estavam presos. Com isso, literalmente cavaram a própria cova.
Enfim, o jogo está difícil nessa fase e não quero perder a Colônia Modesto. Então acho que urge eu ver o vídeo do Pesterenan sobre criar escalas de prioridade de trabalhos para os próprios duplicantes. Se eu não tiver uma divisão de trabalho eficiente, vai tudo pro beleléu com o crescimento da colônia e esgotamento de recursos (não estamos com uma colônia majoritariamente renovável ainda, então precisamos explorar mais o ambiente).
Goodreads. E vamos lá com atualizações:

My rating: 4 of 5 stars
Anos depois resolvi ler e valeu super a pena.
Aviso de conteúdo: menção a exploração sexual infantil.
Não é a primeira coisa que li da H. Pueyo, mas é minha favorita até o momento. Lemos aqui a história de Ariadne, uma médica especialista em güls — que talvez você conheça como ghouls ou carniçais, a depender das suas referências. Aqui eles são, essencialmente, humanos que comem humanos normais, tem uma vida extremamente longa (um dos personagens nasceu na China na época da Dinastia Ming, e a mãe dele está vivíssima!), e com rápida regeneração. O Brasil parece viver uma espécie de ditadura repressiva que lembra muito o regime militar, embora não se especifique tantos detalhes, e Ariadne parece só querer ficar lá na clínica dela trabalhando de boa, um dia após o outro. Mas aí aparece Quaint (o gül chinês que citei antes) com informações sobre o antigo mentor e cuidador de Ariadne, Erik Yurkov — atualmente desaparecido — e essa tranquilidade vai pras cucuias quando Ariadne percebe que Erik está envolvido numa treta que chega até ao governo.
Minha única crítica a noveleta seria ao final, que parece se resolver de forma muito fácil, quase banal. Deu a impressão de final corrido. Mas de maneira alguma isso estraga a experiência de leitura. Os personagens são muito interessantes e cativantes, além do cenário incrível. Em pouco espaço, H. Pueyo nos abre todo um novo mundo cultural envolvendo güls no Brasil. Além disso, temos um protagonismo de pessoa com deficiência muito positivo. Ariadne, no caso, teve pernas e braços amputados num evento traumático do passado e vive com próteses robóticas. O interessante é que as próteses, embora muito eficientes, não são um mero recurso para dar um aspecto sci-fi e apagar a vivência da deficiência. Pelo contrário, elas acrescentam uma nova visão para a personagem. O que me causou satisfação foi ver o desenvolvimento de uma pessoa com deficiência quando tem acessibilidade — e dá para ter uma reflexão ali sobre quais meios são válidos para promover isso, já que existe uma forma alternativa e antiética de “melhorar” os humanos em jogo na história.
View all my reviews
E é isso por hoje. Até semana que vem, gente!
Reply